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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

PT em nome da "Governabilidade"

Há tempos venho pensando em escrever algo sobre o PT, da falta de firmeza política e da sua falta de rumo, não sou daqueles que acha o PT o mal do País, pelo contrário, reconheço os avanços mais do que muito PTista. 

Para falar desse assunto vou pegar como base o texto "PT e o Poder", que professor Leandro Konder da PUC/RJ escreveu para o Jornal do Brasil, em 17 Junho 2001. Este texto exalta o Partido do Trabalhadores e fala da conjuntura e da possível ascensão de Lula ao poder central do Brasil.

No inicio do artigo ele faz uma serie de indagações: "O declínio da popularidade de FHC, a crise da energia, os escândalos de corrupção, bem como o amplo reconhecimento da seriedade do PT, tudo isso nos leva a indagar: o que tende a acontecer com o PT, caso ele se torne um partido no poder? Que concessões ele precisará fazer em nome da governabilidade? Em que medida o governo liderado pelo PT (que - obviamente - não governaria sozinho) pode vir a ser um governo de esquerda?"


Acho que 10 anos depois temos as resposta, (longe de mim querer responder as indagações do professor, até porque tratarei das coisas superficialmente). O PT é um partido de esquerda ( há quem duvide, eu não), mas não faz um governo de esquerda, faz um governo que busca o consenso de classe,um governo contraditório, que distribui renda mas beneficia o sistema financeiro internacional. O PT em nome da "governabilidade" se abraçou ao PMDB e não demonstra nenhum interesse em formar um núcleo de esquerda com o PCdoB, PDT, PSB para discutir os rumos do País.

Uma das principais concessões que se teve de fazer, foi com o sistema financeiro, indicando Antonio Palocci como Ministro da Fazenda e Henrique Meirelles como presidente do Banco Central, ex- presidente do Banco de Boston (na época filiado ao PSDB), que aplicou uma politica conservadora frente ao Banco Central, mantendo altas taxas de juros (a maior do mundo) atravancando o desenvolvimento nacional e além de permitir uma expressiva  valorização do real, o que prejudica os setores de exportações e promove uma certa desindustrialização. 

Outra  grande concessão, foi a de não fazer a reforma agrária. Reconhecido como o grande defensor da reforma agrária, não fez. Não fez porque sabe que a produção em larga escala é necessária para o desenvolvimento do País, não fez porque o modelo defendido é utópico "onde todo mundo teria seu quadradinho de terra para produzir com sua familiazinha" ( não sou contra a reforma agrária, acho inclusive que um dos grandes problemas do país é os grandes latifúndios improdutivos) . Modelo que vendeu durante anos para os sem terras e pequenos agricultores familiares e  não serve para desenvolvimento(serviu só para o seu crescimento partidário). Inclusive á mercê desse idealzinho, vacilou na votação do código Florestal cedendo a pressão das ONGs Multinacionais.

Falando em Reformas, tampouco fez as reformas que o Brasil precisa. Na educação onde temos  seus melhores índices, ainda temos uma expansão desregulada do ensino superior privado, não conseguimos ter a universidade como indutor do desenvolvimento nacional, no ensino básico temos índices enormes da evasão escolar, escolas sem energia elétrica, sem banheiros e etc. Tudo isso por não achar uma forma de financiar a educação, não aceitando a proposta dos estudantes e do movimento educacional de 10% do PIB e 50% do fundo social do pré-sal para educação. Não fez a reforma Política e mantém o País refém de quem tem mais dinheiro para financiar suas campanhas ; não fez uma Reforma Tributáriam,os pobres pagam proporcionalmente mais IMPOSTOS que os ricos; não fez uma reforma dos meios de comunicação e mantém o poder da rede globo inabalado.

Essas concessões foram feitas, por que o PT preferiu estar abraçado com o PMDB e não ao bloco de esquerda, mas também porque lhe falta firmeza política e rumo. Nos principais momentos, onde se intensificou a luta e as contradições de classe, quando a direita e os meios de comunicação queriam dar um golpe de estado, os PTistas se esconderam de baixo da cama, outros foram mais "espertos" (oportunistas) e formaram um partido em defesa da ética (pra mim ética é questão de principio, não bandeira política). Tendo o PCdoB assumido liderança do processo de defesa do governo da frente popular,(porque tem firmeza política, unidade partidária e rumo socialista) e liderou os movimentos sociais a partir das suas frentes de massas, uma campanha: "COM LULA, CONTRA CORRUPÇÃO" e articulando o Dep. Aldo Rebelo para ser presidente da Camara dos Deputados, que arquivou vários pedidos de impeachment de Lula.

Apesar das criticas, tenho grande apreço pelo Partido dos Trabalhadores, mas o  Brasil precisa mais, precisa de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que faça as reformas necessárias e que o Brasil cresça e destribua a renda.

Um comentário:

  1. Uma reflexão lúcida e necessária. Esta é uma reflexão que precisa repercutir, para além do meio partidário, ganhar a sociedade, esse é o debate e a crítica que valem a pena, porque não joga a experiência desse governo no lixo, como fazem as correntes esquerdistas, mas procura apontar o rumo de sua superação.

    Vou divulgar esse texto, pois vale a pena ser divulgado. Parabéns pelo blog, nota dez em forma e conteúdo.

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